O projeto BCC foi o culminar de uma residência artística no IMAR-CMA, onde acompanhámos essencialmente dois projetos da sua linha de investigação 2: o projeto PTDC/AAC-AMB/105297/2008 “Aquaweb”, coordenado por Maria João Feio, e o projeto PTDC/CLI/67180/2006, “Predicting the effect of global warming on stream ecosystems”, coordenado por Cristina Canhoto.
Já passaram mais de dois anos desde a primeira vez que visitámos o trabalho desenvolvido no grupo Freshwater Ecosystems and Catchment Areas do IMAR-CMA, quando nos surpreendemos pela primeira vez com a imensa vida existente nos rios e desenvolvemos consciência da fragilidade e complexidade destes ecossistemas e das constantes ameaças a que a Humanidade os expõe.
O fascínio pelo quase invisível mundo dos macroinvertebrados e a vontade de colocar as atenções no tema muito atual das alterações climáticas fez-nos persistir neste projeto e agora, finalmente, levá-lo a palco.
Durante a nossa residência neste centro de investigação fomos recolhendo amostras do trabalho científico aí desenvolvido para o trabalho que viríamos a compor. Fomos ao campo observar a relação entre os cientistas e os seus objetos de estudo, estivemos no laboratório a vê-los criar experiências controladas, apreendemos os seus métodos, os seus motivos, as suas visões do mundo, as suas dúvidas, as suas perguntas. E fomos estabelecendo as bases para a nossa própria experiência no nosso laboratório.
No momento em que iniciámos a fase final do nosso projeto, já a apontar a uma performance coletiva criada a partir dos materiais recolhidos e das experiências vividas, parecia inevitável dar a conhecer o microcosmo dos rios e da vida que os habita, pelo fascínio que nos provocou. Contudo, as variáveis da nossa experiência não foram completamente controladas, talvez assinalando aqui uma diferença fundamental entre arte e ciência, e o resultado é uma inesperada reflexão sobre o ser humano. Com a lupa a incidir numa Caixa de Petri, com macroinvertebrados potencialmente ameaçados por um aumento global da temperatura média do planeta, descobrimo-nos a olhar para um espelho a tentar perceber as razões de fazermos como somos.
+INFO
IMAR | Coimbra
De outubro de 2010 a março de 2011
O IMAR-CMA é uma unidade de investigação do consórcio Instituto do Mar criado em 1994. O IMAR-CMA, sediado na Universidade de Coimbra, é uma unidade classificada de Muito Bom por painéis internacionais da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Os mais de 100 investigadores do IMAR trabalham em áreas complementares em estudos focados nos ecossistemas costeiros e das águas interiores. Os estudos da unidade de investigação fornecem respostas científicas e técnicas a entidades públicas e privadas relacionadas com avaliação e gestão da qualidade ecológica; otimização do uso dos recursos hídricos; e desenvolvimento de estratégias de conservação biológica. A linha 2 do IMAR – Centro do Mar e Ambiente (Freshwater ecosystems and Catchment areas) desenvolve especificamente estudos relacionados com a decomposição de material foliar, a biomonitorização em rios, e ainda a interação entre os nemátodas e as plantas.
Agradecemos a colaboração do IMAR-CMA, especialmente a: Ana Gonçalves, Cristina Canhoto, João Carlos Marques, Manuel Graça, Maria João Feio, Maria Gabriel, Sónia Serra, Verónica Ferreira. Agradecemos também a Nicolai Sarbib, Carlos Seabra, Carlos Gago, Teresa Pato e a toda a equipa d’A Escola da Noite.
- Produções
- BCC - Blind Carbon Copy